Secretaria da Educação do Estado da Bahia - SEC
Instituto Anísio Teixeira - IAT
Diretoria de Formação e Experimentação Educacional –
DIRFE
Ensino Médio em Ação – EM-Ação
MATEMÁTICA FINANCEIRA: CONCEITO E APLICAÇÕES DE JURO SIMPLES
Sebastião Santo Xavier
da Cruz
COLÉGIO ESTADUAL
ANTONIO FIGUEIREDO
RESUMO: Este trabalho consiste no relato de uma experiência sobre
uma prática pedagógica para o ensino de matemática financeira, focalizando o
conceito e as aplicações dos juros simples, realizado com os alunos do 3º Ano
‘A’, turno matutino, do Colégio Estadual Antônio Figueiredo, em Ibiassucê - BA.
Teve como objetivo o desenvolvimento de uma sequência didática que buscou
amenizar as dificuldades encontradas no processo ensino-aprendizagem deste
conteúdo, relacionando juros simples com sequências numéricas, bem como
identificando a regularidade sequencial em aplicações financeiras. Para
proporcionar um contato diferenciado com o tema, utilizou-se como recurso
didático a confecção de figuras, observando a sequência cujas quantidades de
pontos estão em progressão aritmética, apresentando ainda, atividades composta
por uma leitura de texto, seguida de uma discussão a cerca dos conceitos
envolvidos. Conclui-se que o uso dessa metodologia permitiu que os alunos
compreendessem como se constrói os conhecimentos matemáticos e possibilitou que
eles modificassem algumas visões negativas em relação à Matemática Financeira e,
principalmente, em relação às aplicações feitas no regime de juro simples.
Dessa forma, espera-se que este trabalho venha a contribuir não só na motivação
e compreensão dos alunos em relação aos conteúdos matemáticos, mas que promova
uma aprendizagem significativa no seu dia a dia.
Palavras-chave: Matemática Financeira; Sequência;
Experimentação; Aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
A finalidade dessa intervenção foi motivar os alunos a desenvolver
conceitos matemáticos de forma significativa, apresentando situações que sejam
reais para seu dia-a-dia, bem como propiciar uma oportunidade de investigar e
descobrir problemas advindos de sua realidade como uma forma de proporcionar
uma aprendizagem mais efetiva. Como nos relata os PCN’s que:
As necessidades cotidianas fazem com que os alunos
desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que permite reconhecer
problemas, buscar e selecionar informações, tomar decisões e, portanto,
desenvolver uma ampla capacidade para lidar com a atividade matemática. (PCN,
1997, p. 29).
Dessa forma, julgando ser necessário o uso de estratégias
contextualizadas que leve os alunos a compreender e entender os conceitos
matemáticos presentes no seu cotidiano torna-se indispensável o uso de
metodologias que contribuam para essa finalidade, pois segundo Dante (2010,
p.16), “A contextualização ajuda a desenvolver no aluno a capacidade de
relacionar o aprendido com o observado e a teoria com suas consequências e
aplicações práticas”.
Contudo, observou-se que elementos matemáticos estão presentes nas
diversas práticas humanas e em diversos problemas que surgem destas práticas,
como é o caso das transações financeiras. Como recurso para este trabalho,
utilizou-se da confecção de figuras, observando a sequência de figuras cujas quantidades
de pontos estão em progressão aritmética, relacionando-os com a progressão do
juro simples, bem como a distribuição do texto ‘Valor do dinheiro’ para análise
e discussão da temática em estudo.
“Tratar os conteúdos de ensino de forma contextualizada
significa aproveitar ao máximo as relações existentes entre esses conteúdos e o
contexto pessoal ou social do aluno, de modo a dar significado ao que está
sendo aprendido. Assim, a contextualização ajuda também a articular a
Matemática com os temas atuais da ciência e da tecnologia, bem como a fazer
conexões dentro da própria Matemática.” (DANTE, 2010, p.26).
Partindo do pressuposto que o conteúdo juro simples favorece uma
abordagem dos temas transversais, propostos pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais da Matemática para o Ensino Fundamental e Médio, é interessante que
se busque metodologias e/ou estratégias eficazes para uma aprendizagem
significativa, merecendo assim, especial atenção no planejamento de Matemática.
Esses fatos evidenciam a importância da abordagem proposta
2. METODOLOGIA
Com base no que foi relatado, o objetivo desta intervenção foi introduzir
o conteúdo ‘juro simples’ de forma contextualizada e condizente a situações do
cotidiano dos alunos a uma turma de 3ª série do Ensino Médio composta por 24
alunos (87,5% são meninas e 12,5% são meninos), com idade entre 16 e 17 anos,
no Colégio Estadual Antônio Figueiredo em Ibiassucê-BA. Sendo que a escolha
desse tema teve como base referencial, os estudos embasados no BQG – banco de
questões geradoras, questão 12, do Programa EM-Ação, promovido pela Secretaria
de Educação do Estado da Bahia.
A escolha da turma para aplicação desta atividade se deu pelo fato de já
trabalhar algum tempo com a mesma, o que nos possibilitou identificar algumas
dificuldades dos alunos, o interesse pela matéria, o nível de conhecimento,
entre outros elementos. Contudo, aplicou-se uma sondagem (pré-teste) e, a
partir dos elementos extraídos e da realidade dos alunos foram elaboradas
nossas atividades. A prática pedagógica abordou o ensino de matemática
financeira focalizando o conceito e as aplicações de juro simples, a qual foi
trabalhada em três aulas (50 minutos h/aula).
Inicialmente, tivemos uma conversa informal no intuito de motivar a turma
e de possibilitar um contato diferenciado com o tema proposto, apresentando
situações que sejam reais para seu dia-a-dia. Logo após, a turma foi dividida
em grupo de três alunos, por afinidade, para a confecção de algumas figuras
utilizando grãos e palitos de fósforo, cartolina, papel milimetrado e cola,
observando a sequência dessas figuras, cujas quantidades de pontos estão em
progressão aritmética, que, em estudo posterior, fizessem relação com a progressão
de juros simples. Em seguida foi dado um tempo para que os alunos pudessem
refletir e tirarem dúvidas tais como: o que é uma sequência numérica? O que é
uma P.A.? O que é razão? Apesar de alguns já dominarem esses conteúdos, foi um
momento interessante e de questionamento pertinente para o tema proposto, pois
há de se considerar que o processo pedagógico, a forma como tratamos um assunto
é de extrema importância para que o mesmo seja de fato compreendido, segundo
Dante (2010, p.17), “O aluno deve aprender por compreensão, ou seja, atribuir
significado ao que aprende. Para isso deve saber o porquê das coisas, e não
simplesmente mecanizar procedimentos e regras”.
Posteriormente, ao iniciar o estudo sobre juro simples, foi questionado
aos alunos sobre o que eles entendiam com relação à temática em estudo, com
base nas respostas deles e das atividades desenvolvidas, houve um
esclarecimento sobre o significado de alguns conceitos envolvidos, tais como: C
= capital, M = montante, J = juros, i = taxa, t = tempo.
Em aula subsequente, foi distribuído um texto para os alunos "Valor
do dinheiro" o qual retrata que o objetivo básico da matemática financeira
é estudar o valor do dinheiro e suas aplicações ao longo do tempo, onde se
realizou uma leitura silenciosa. Ao final do texto, uma questão para reflexão:
o que faria você a preferir receber R$ 2.700,00 hoje a R$ 1.000,00 hoje e ainda
duas parcelas mensais de R$ 1.000,00?
Logo após, houve uma socialização das respostas, sintetizando no quadro
os conceitos de matemática financeira e, ao mesmo tempo, fazendo ponderações
com relação à diferença de valores entre o tempo de aplicação e as taxas
percentuais. Finalizando assim, os trabalhos em sala.
3. RESULTADOS, CONSIDERAÇÕES
FINAIS.
Neste momento, percebeu-se a partir das atividades realizadas, a
compreensão e o entusiasmo dos alunos a tirarem suas próprias conclusões,
fazendo relação entre juro simples e progressão aritmética. Porém, percebeu-se
ainda, a dificuldade de alguns na interpretação e compreensão de situações em
relação ao tema proposto. Contudo, o momento de discussão foi bastante
proveitoso, pois a partir dos questionamentos, observou-se o interesse da turma
e a participação ativa de todos.
Podemos concluir que os resultados deste trabalho foram satisfatórios e
que as metas almejadas foram alcançadas, não apenas por se tratar de uma forma
de aula não tradicional, mas também por proporcionar-lhes a oportunidade de
participarem diretamente na construção de seu conhecimento, de forma
contundente e incisiva, manifestando nas perguntas e nas respostas
apresentadas. Notou-se ainda, que a
metodologia utilizada foi importante estratégia de motivação em que o aluno
participa como agente na construção do conhecimento e que, tratar os conteúdos
de forma contextualizada, significa oportunizar ao aluno de modo que ele
adquira uma aprendizagem significativa.
Dessa forma, fica evidente que trabalhos similares podem ser
desenvolvidos a outros conteúdos matemáticos de modo que sejam articulados
entre as temáticas propostas, bem como entre o conhecimento novo e o já
abordado.
REFERENCIA:
BRASIL,
Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros
curriculares nacionais: matemática. Brasília: MEC / SEF, 1997.
DANTE, Luiz
Roberto. Matemática: contexto e aplicações. vol. 1. São Paulo: Ática, 2010.
MELO, Alessandro
de. URBANETZ, Sandra Terezinha.
Fundamentos de didática. Curitiba: Ibpex, 2008.
SILVEIRA,
Everaldo. MIOLA, Rudinei José.
Professor-pesquisador em educação matemática. Curitiba: Ibpex, 2008.
ANEXOS:
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