terça-feira, 26 de novembro de 2013

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA



Secretaria da Educação do Estado da Bahia - SEC
Instituto Anísio Teixeira - IAT
Diretoria de Formação e Experimentação Educacional –
DIRFE
Ensino Médio em Ação – EM-Ação

  
MATEMÁTICA FINANCEIRA: CONCEITO E APLICAÇÕES DE JURO SIMPLES

   

Sebastião Santo Xavier da Cruz
COLÉGIO ESTADUAL ANTONIO FIGUEIREDO

 
RESUMO: Este trabalho consiste no relato de uma experiência sobre uma prática pedagógica para o ensino de matemática financeira, focalizando o conceito e as aplicações dos juros simples, realizado com os alunos do 3º Ano ‘A’, turno matutino, do Colégio Estadual Antônio Figueiredo, em Ibiassucê - BA. Teve como objetivo o desenvolvimento de uma sequência didática que buscou amenizar as dificuldades encontradas no processo ensino-aprendizagem deste conteúdo, relacionando juros simples com sequências numéricas, bem como identificando a regularidade sequencial em aplicações financeiras. Para proporcionar um contato diferenciado com o tema, utilizou-se como recurso didático a confecção de figuras, observando a sequência cujas quantidades de pontos estão em progressão aritmética, apresentando ainda, atividades composta por uma leitura de texto, seguida de uma discussão a cerca dos conceitos envolvidos. Conclui-se que o uso dessa metodologia permitiu que os alunos compreendessem como se constrói os conhecimentos matemáticos e possibilitou que eles modificassem algumas visões negativas em relação à Matemática Financeira e, principalmente, em relação às aplicações feitas no regime de juro simples. Dessa forma, espera-se que este trabalho venha a contribuir não só na motivação e compreensão dos alunos em relação aos conteúdos matemáticos, mas que promova uma aprendizagem significativa no seu dia a dia.


Palavras-chave: Matemática Financeira; Sequência; Experimentação; Aprendizagem.


1. INTRODUÇÃO


A finalidade dessa intervenção foi motivar os alunos a desenvolver conceitos matemáticos de forma significativa, apresentando situações que sejam reais para seu dia-a-dia, bem como propiciar uma oportunidade de investigar e descobrir problemas advindos de sua realidade como uma forma de proporcionar uma aprendizagem mais efetiva. Como nos relata os PCN’s que:
As necessidades cotidianas fazem com que os alunos desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que permite reconhecer problemas, buscar e selecionar informações, tomar decisões e, portanto, desenvolver uma ampla capacidade para lidar com a atividade matemática. (PCN, 1997, p. 29).

Dessa forma, julgando ser necessário o uso de estratégias contextualizadas que leve os alunos a compreender e entender os conceitos matemáticos presentes no seu cotidiano torna-se indispensável o uso de metodologias que contribuam para essa finalidade, pois segundo Dante (2010, p.16), “A contextualização ajuda a desenvolver no aluno a capacidade de relacionar o aprendido com o observado e a teoria com suas consequências e aplicações práticas”.
Contudo, observou-se que elementos matemáticos estão presentes nas diversas práticas humanas e em diversos problemas que surgem destas práticas, como é o caso das transações financeiras. Como recurso para este trabalho, utilizou-se da confecção de figuras, observando a sequência de figuras cujas quantidades de pontos estão em progressão aritmética, relacionando-os com a progressão do juro simples, bem como a distribuição do texto ‘Valor do dinheiro’ para análise e discussão da temática em estudo.

“Tratar os conteúdos de ensino de forma contextualizada significa aproveitar ao máximo as relações existentes entre esses conteúdos e o contexto pessoal ou social do aluno, de modo a dar significado ao que está sendo aprendido. Assim, a contextualização ajuda também a articular a Matemática com os temas atuais da ciência e da tecnologia, bem como a fazer conexões dentro da própria Matemática.” (DANTE, 2010, p.26).

Partindo do pressuposto que o conteúdo juro simples favorece uma abordagem dos temas transversais, propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais da Matemática para o Ensino Fundamental e Médio, é interessante que se busque metodologias e/ou estratégias eficazes para uma aprendizagem significativa, merecendo assim, especial atenção no planejamento de Matemática.
Esses fatos evidenciam a importância da abordagem proposta


2. METODOLOGIA


Com base no que foi relatado, o objetivo desta intervenção foi introduzir o conteúdo ‘juro simples’ de forma contextualizada e condizente a situações do cotidiano dos alunos a uma turma de 3ª série do Ensino Médio composta por 24 alunos (87,5% são meninas e 12,5% são meninos), com idade entre 16 e 17 anos, no Colégio Estadual Antônio Figueiredo em Ibiassucê-BA. Sendo que a escolha desse tema teve como base referencial, os estudos embasados no BQG – banco de questões geradoras, questão 12, do Programa EM-Ação, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
A escolha da turma para aplicação desta atividade se deu pelo fato de já trabalhar algum tempo com a mesma, o que nos possibilitou identificar algumas dificuldades dos alunos, o interesse pela matéria, o nível de conhecimento, entre outros elementos. Contudo, aplicou-se uma sondagem (pré-teste) e, a partir dos elementos extraídos e da realidade dos alunos foram elaboradas nossas atividades. A prática pedagógica abordou o ensino de matemática financeira focalizando o conceito e as aplicações de juro simples, a qual foi trabalhada em três aulas (50 minutos h/aula).
Inicialmente, tivemos uma conversa informal no intuito de motivar a turma e de possibilitar um contato diferenciado com o tema proposto, apresentando situações que sejam reais para seu dia-a-dia. Logo após, a turma foi dividida em grupo de três alunos, por afinidade, para a confecção de algumas figuras utilizando grãos e palitos de fósforo, cartolina, papel milimetrado e cola, observando a sequência dessas figuras, cujas quantidades de pontos estão em progressão aritmética, que, em estudo posterior, fizessem relação com a progressão de juros simples. Em seguida foi dado um tempo para que os alunos pudessem refletir e tirarem dúvidas tais como: o que é uma sequência numérica? O que é uma P.A.? O que é razão? Apesar de alguns já dominarem esses conteúdos, foi um momento interessante e de questionamento pertinente para o tema proposto, pois há de se considerar que o processo pedagógico, a forma como tratamos um assunto é de extrema importância para que o mesmo seja de fato compreendido, segundo Dante (2010, p.17), “O aluno deve aprender por compreensão, ou seja, atribuir significado ao que aprende. Para isso deve saber o porquê das coisas, e não simplesmente mecanizar procedimentos e regras”.
Posteriormente, ao iniciar o estudo sobre juro simples, foi questionado aos alunos sobre o que eles entendiam com relação à temática em estudo, com base nas respostas deles e das atividades desenvolvidas, houve um esclarecimento sobre o significado de alguns conceitos envolvidos, tais como: C = capital, M = montante, J = juros, i = taxa, t = tempo.
Em aula subsequente, foi distribuído um texto para os alunos "Valor do dinheiro" o qual retrata que o objetivo básico da matemática financeira é estudar o valor do dinheiro e suas aplicações ao longo do tempo, onde se realizou uma leitura silenciosa. Ao final do texto, uma questão para reflexão: o que faria você a preferir receber R$ 2.700,00 hoje a R$ 1.000,00 hoje e ainda duas parcelas mensais de R$ 1.000,00?
Logo após, houve uma socialização das respostas, sintetizando no quadro os conceitos de matemática financeira e, ao mesmo tempo, fazendo ponderações com relação à diferença de valores entre o tempo de aplicação e as taxas percentuais. Finalizando assim, os trabalhos em sala.


3. RESULTADOS, CONSIDERAÇÕES FINAIS.


Neste momento, percebeu-se a partir das atividades realizadas, a compreensão e o entusiasmo dos alunos a tirarem suas próprias conclusões, fazendo relação entre juro simples e progressão aritmética. Porém, percebeu-se ainda, a dificuldade de alguns na interpretação e compreensão de situações em relação ao tema proposto. Contudo, o momento de discussão foi bastante proveitoso, pois a partir dos questionamentos, observou-se o interesse da turma e a participação ativa de todos.
Podemos concluir que os resultados deste trabalho foram satisfatórios e que as metas almejadas foram alcançadas, não apenas por se tratar de uma forma de aula não tradicional, mas também por proporcionar-lhes a oportunidade de participarem diretamente na construção de seu conhecimento, de forma contundente e incisiva, manifestando nas perguntas e nas respostas apresentadas.   Notou-se ainda, que a metodologia utilizada foi importante estratégia de motivação em que o aluno participa como agente na construção do conhecimento e que, tratar os conteúdos de forma contextualizada, significa oportunizar ao aluno de modo que ele adquira uma aprendizagem significativa.
Dessa forma, fica evidente que trabalhos similares podem ser desenvolvidos a outros conteúdos matemáticos de modo que sejam articulados entre as temáticas propostas, bem como entre o conhecimento novo e o já abordado.


REFERENCIA:


BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros curriculares nacionais: matemática. Brasília: MEC / SEF, 1997.
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. vol. 1. São Paulo: Ática, 2010.
MELO, Alessandro de. URBANETZ, Sandra Terezinha. Fundamentos de didática. Curitiba: Ibpex, 2008.
SILVEIRA, Everaldo. MIOLA, Rudinei José. Professor-pesquisador em educação matemática. Curitiba: Ibpex, 2008.



ANEXOS: